domingo, 10 de março de 2013

Empurrar com a barriga





Se há um comportamento que me irrita profundamente é a procrastinação, conhecida como a atitude de empurrar com a barriga. Tem gente que vive desse jeito todas as esferas da vida, vai deixando pra lá suas responsabilidades para que outros as assumam. Só atuam em último caso, quando não dá para fugir da raia. Não interessa o prejuízo que causam aos outros; isso não é problema deles. Seu foco é o conforto pessoal, o próprio umbigo. Sujo.

Sou uma das idiotas do mundo que carregou muito piano para procrastinador. Por causa do meu perfil obsessivo, por ser filha mais velha de uma mãe dominadora, por querer aprovação, sei lá. A questão aqui não é o porquê, mas o fato de fazê-lo sempre, nas circunstâncias mais variadas, tanto no pessoal quanto no profissional, como diz o filósofo Faustão.

Existe, entretanto, um aspecto da vida no qual é fatal procrastinar: na educação dos filhos. Dizer que a criança será um SER HUMANO CIVILIZADO e responsável, apesar do comportamento omisso dos pais, é o maior absurdo que já escutei. Olha que já ouvi muito absurdo na vida.

Por que toco nesse assunto? Porque, nos últimos dias, fui confrontada com várias ocorrências de casais que, sem a mínima condição emocional, psicológica e econômico-financeira colocaram crianças no mundo. O pior de tudo não é os que já nasceram; são aqueles que irão nascer. Fazer vasectomia? Nem pensar! Fazer a ligadura? “Meu companheiro não deixa e tenho medo” são as justificativas mais frequentes das mulheres. E haja a colocar desajustados no mundo!

Há exceções, é claro. Mas a regra é: pais irresponsáveis só pensam em si mesmos, nas suas vontades, nas suas prioridades, na sua conveniência, na sua vaidade.

Tive três filhos, hoje adultos, os quais amo de todo coração. Mas sei o esforço sobre humano que foi e tem sido assumir minha responsabilidade por tê-los trazido ao mundo. Não foi a questão financeira que pegou; essa é a mais fácil de resolver, ainda que influa nas outras demandas mais importantes. O crucial foi educar, amorosamente. Nunca soube (e não sei) puxar as rédeas no momento certo. Para ser pai e mãe é preciso não desistir nunca, não largar de mão nunca, não se sobrepor ao filho nunca. São atitudes que exigem uma doação tal que são pouquíssimas as pessoas capazes de fazê-lo.

Eu, por exemplo, canso fácil. Por isso me operei assim que tive a autorização médica. Por mim, tê-lo-ia feito aos 16 anos, sem arrependimentos. Sabia, de antemão, minha dificuldade para estabelecer limites ao abuso alheio. E crianças são demais abusadas.

Enquanto aqui me revolto, mais e mais crianças continuam a ser geradas por “criminosos”. Por exemplo, uma das filhas da minha secretária doméstica tem 19 anos e dois filhos, cada um de um marido. O primeiro está sob os cuidados da avó; a pequenina de 10 meses é deixada sozinha pelos pais adolescentes para irem à balada, todo fim de semana. Os vizinhos os denunciaram para o Conselho Tutelar; mesmo que nada… A louca está grávida, de novo. Nesse ritmo, até os 25 anos, terá jogado mais seis filhos nas ruas. Com certeza, serão todos cidadãos cumpridores de seus deveres.

Para mim, não basta poder sustentar os filhos; considero também criminosos os portadores de doenças crônicas, mentais ou físicas, e aqueles interditados judicialmente, quando já tiveram filhos e foram pais negligentes e que, mesmo assim, recusam se submeter à esterilização. A cada visita íntima, a cada troca de parceiro (a), aumenta a prole a ser deixada ao Deus dará.

Chamam-me de nazista, quando falo sobre esse assunto. Mas acho que a sociedade precisa exercer um controle efetivo na questão da natalidade, com regras rigorosas e aplicadas seriamente. Somos todos nós que pagamos o pato, pela decisão confortável de muitos.


Criar bem o filho é uma escolha pessoal, a qual se impõe a responsabilidade civil. Além disso, é um ato de amor responsável, que não se pode empurrar com a barriga, nem quando se está de barriga, nem quando o conteúdo da barriga foi colocado no mundo.

Como convencer os políticos disso?



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