sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Seminário do Teias aponta desafios da intersetorialidade

                                     Tatiane Vargas



“Saúde não significa apenas ausência de doença, ela está totalmente relacionada ao bem-estar social”. Assim conceituou a coordenadora do Teias, Elyne Engstrom, na abertura do segundo dia de atividades do seminário Inovação em Atenção Primária à Saúde. Na manhã de quinta-feira (4/10), realizou-se o terceiro dos quatro painéis programados para os dois dias do evento. Com o tema Promoção da saúde e o desafio da intersetorialidade, foram apresentadas experiências exitosas das ações que integram o Teias, como a Academia Carioca da Saúde, a Vigilância do Ambiente, Água e Saúde, além da atuação da Assessoria de Cooperação Social da ENSP, com foco na gestão participativa.






O painel Promoção da saúde e o desafio da intersetorialidade contou com a presença do assessor de atividade física do projeto Academia Carioca no território de Manguinhos, José Augusto de Oliveira; do chefe do Departamento de Saúde e Saneamento Ambiental da ENSP, Paulo Barrocas; da apoiadora técnica do Território-Escola Manguinhos, Angela Casanova; e da coordenadora da Assessoria de Cooperação Social da ENSP, Mayalu Matos. O vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Valcler Rangel, e o coordenador da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Carlos Silva, foram os debatedores do painel. A coordenadora do Teias, Elyne Engstrom, fez uma breve contextualização do projeto antes de dar início ao painel.



Elyne enfatizou que a promoção da saúde é vista como uma estratégia fundamental para o enfrentamento dos problemas de saúde e para a melhoria da qualidade de vida da população. No entanto, para promovê-la são necessárias políticas públicas que a sustentem. A coordenadora falou também sobre a proposta de atenção integral do Teias dentro do contexto da integralidade. Neste contexto, destacou ela, é fundamental trabalhar na perspectiva da participação social. “É preciso trabalhar o conceito de inserção atrelado à participação social. A discussão de promoção da saúde emancipatória, que dá autonomia ao sujeito, precisa ser incorporada às práticas de saúde. A Assessoria de Cooperação Social da ENSP tem feito esse trabalho memoravelmente”, citou.



Para falar sobre a experiência do projeto Academia Carioca da Saúde no território de Manguinhos, compareceu o assessor de atividade física José Augusto de Oliveira. Segundo ele, o conceito da Academia Carioca está ganhando um corpo cada vez mais diferente. Para o assessor, o grande diferencial do projeto é que nele o indivíduo vai até um determinado local preparado para receber informações sobre saúde. “Isso significa que se dirige a uma Academia Carioca está disposta a ouvir e absorver informações sobre saúde. Ela sabe que aquele espaço é voltado para a prática de atividade física, mas não somente para isso. É uma gama de atividades promotoras de saúde.” Em seguida, falou sobre os números do projeto. Atualmente, as Academias Cariocas estão presentes em dez áreas programáticas da cidade do Rio de Janeiro. Ao todo são 60 unidades, com 90 educadores físicos e mais de 18 mil participantes.



José Augusto explicou que as Academias Cariocas trabalham na lógica dos três “S”: sincronia, sistematização e socialização. Os objetivos do projeto, entre outros aspectos, são difundir a cultura de movimento, facilitar o acesso regular às atividades físicas e ampliar a rede de multiplicadores de atividade física. Algumas das atividades propostas pelo projeto são ginástica, hidroginástica, dança, alongamento, ginástica laboral, exercícios com aparelho e grupos de caminhada. Por fim, José Augusto ressaltou que “as atividades propostas pela Academia Carioca são de apoio matricial” e fez um breve balanço do projeto no território de Manguinhos. “Atualmente, 503 pessoas são beneficiadas com as atividades da Academia Carioca. Começamos o projeto com três professores e, hoje, temos uma equipe composta por 85 profissionais.”



Vigilância do ambiente, água e saúde e cooperação social



Construindo parcerias para vigilância do ambiente, água e saúde foi o tema exposto pelo chefe do Departamento de Saúde e Saneamento Ambiental da ENSP, Paulo Barrocas, e pela apoiadora técnica do Território-Escola Manguinhos, Angela Casanova. Segundo eles, na última Conferência de Saúde, a qualidade e o abastecimento da água foram apontados como problemas-chave em diversos territórios. Dessa forma, o Teias foi buscar parceria com o Departamento de Saúde e Saneamento Ambiental com o intuito de evitar doenças de veiculação hídricas mais comuns. O trabalho, que envolve o monitoramento da qualidade da água consumida no território de Manguinhos, conta com o papel fundamental dos agentes de vigilância epidemiológica. “Os agentes domiciliares têm um olhar especial de como são de fato as condições de saneamentos das unidades visitadas”, destacou Paulo.



As ações de vigilância começaram no segundo semestre de 2011. A segunda etapa, que iniciou no segundo semestre de 2012, compreende a coleta domiciliar. As amostras coletadas para análise foram definidas com base no inquérito do Programa de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Saúde Pública (PDTSP). Na segunda etapa, 25 domicílios foram visitados. As próximas etapas, segundo Paulo Barrocas, deverão continuar a análise da qualidade da água consumida e a construir mapas de análise, além de ampliar os parâmetros de água analisados atualmente. “Com esse mapeamento dos domicílios de Manguinhos, pretendemos construir bancos de dados e mapas de riscos que possam dar suporte às análises e aos parâmetros de água”, afirmou.



Finalizando o penúltimo painel do seminário, a coordenadora da Assessoria de Cooperação Social (ACS) da ENSP, Mayalu Mattos, disse que a ACS foi criada em 2005, a partir da necessidade de aprofundamento do compromisso da Escola com o seu entorno. Desde a criação do Teias, a ACS atua em parceira com a iniciativa visando à gestão participativa e à participação social. Mayalu destacou ainda as inúmeras complexidades do território de Manguinhos e as mudanças ocorridas nele nos últimos seis anos, principalmente em relação à saúde.



Em seguida, Mayalu falou sobre as representações sociais que existiram e ainda existem em Manguinhos. Até 2010, o Fórum do Movimento Social de Manguinhos era o único espaço para discussão coletiva das questões do território. A partir daí, outros importantes espaços para a participação social e a gestão participativa do território surgiram, entre eles o Conselho Gestor do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria, o Conselho Gestor Intersetorial do Teias e Conselho Comunitário de Manguinhos. “Pelo seu histórico de atuação no território, todos esses espaços contaram com o apoio da ACS, mas principalmente o Conselho Gestor Intersetorial, relacionado à expansão da estratégia de saúde da família no território de Manguinhos, que passou a ser gerida pela Fiocruz”, finalizou.

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