São Paulo – Trabalhadores da
indústria de alimentação fizeram um protesto hoje (26), na Avenida Paulista, em
frente à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), para
reivindicar medidas para diminuir a ocorrência de lesões por esforço repetitivo
no setor. O ato reuniu trabalhadores de avícolas e frigoríficos da Bahia, São
Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais
e Mato Grosso.
Segundo a Confederação Nacional
dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação, Agroindústrias, Cooperativas
de Cereais e Assalariados Rurais (Contac), esse segmento é o que registra a
maior incidência de doenças trabalhistas no Brasil. Os organizadores estimaram
a participação de 200 pessoas na manifestação, que não foi acompanhada pela
polícia militar.
Conforme o presidente da Contac,
Siderlei Oliveira, cerca de 25% dos trabalhadores do setor, que emprega um
milhão de pessoas no país, estão afastados em razão de doenças trabalhistas.
Por causa desse problema, uma comissão da confederação irá a Genebra, na Suíça,
no dia 10 de maio, protocolar denúncia na Organização Internacional do Trabalho
(OIT). “Esperamos que, com a pressão internacional, essa situação possa mudar
no Brasil”, declarou.
Segundo Oliveira, as doenças de
trabalho no setor se agravaram com o novo perfil da produção. “É uma situação
que se acumulou nos últimos dez anos. Apesar dos mecanismos de segurança que
existem hoje nas fábricas, as mutilações continuam, não mais com os cortes, mas
uma mutilação interna, com a atrofia dos membros dos músculos”, afirmou.
A Contac reivindica a aprovação
de uma norma regulamentadora (NR), atualmente em negociação com as empresas, e
que ainda será discutida, posteriormente, no Ministério do Trabalho.
“A NR contém 16 itens, mas três,
especialmente, são essenciais. O primeiro é a diminuição do tempo de exposição,
reduzindo a carga horária para seis horas diárias. O segundo é o aumento do
tempo de intervalo, que hoje é de três intervalos de oito minutos a cada 50
minutos trabalhados, para dez minutos. Por fim, queremos a participação dos
trabalhadores na implantação e fiscalização da norma”, explicou o presidente.
Adauto Cardoso, de Carambeí, no
Paraná, trabalha no setor de abate de perus e está afastado há dois anos em
função de problema nos ombros. O mesmo problema enfrenta Glicéria Landim, que
trabalha há 28 anos em uma indústria que abate suínos em Marau, Rio Grande do
Sul. Atualmente, Glicéria está afastada da linha de produção, após cirurgias no
punho e no ombro, em decorrência de lesões por esforço repetitivo. “Onde eu
trabalho, muitas pessoas passam por essa situação”, relata a trabalhadora.
Edição: Davi Oliveira
0 comentários:
Postar um comentário