sábado, 14 de abril de 2012

Moradora vê pela primeira vez poder público recolhendo lixo do São Carlos


                                                          ‘Os carros da Comlurb nunca chegaram aqui em cima’, conta Elisabete.

Coleta será feita regularmente, garante diretor da companhia de limpeza.

Elisabete Nascimento tem 40 anos de idade, todos eles vividos no Morro de São Carlos, na Zona Norte do Rio, onde nasceu e vive até hoje. E, durante 40 anos, ela nunca viu um mutirão de limpeza como o realizado neste sábado (14), no Conjunto de Favelas de São Carlos.

"O poder público nunca esteve presente na favela, os carros da Comlurb nunca chegaram aqui em cima e os próprios moradores jogam muito lixo nas ruas e vielas”, conta ela. Mas, neste sábado, a realidade pode estar começando a mudar.

A ação faz parte da campanha "Rio + Limpo", uma iniciativa da Globo Rio, com a sociedade civil, fuzileiros navais, Comlurb e também com a organização Rio Eu Amo eu Cuido e a Central Única de Favelas.
Até o início da tarde, o mutirão havia recolhido 50 toneladas de lixo, segundo informações da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). Ao todo, foram cem garis – mais seis garis alpinistas para trabalhar nas encostas -, 200 fuzileiros navais e voluntários, entre moradores das comunidades e de outras partes da cidade. O mutirão contou com o apoio de nove caminhões basculantes, três pás mecânicas da Comlurb e uma retroescavadeira da Marinha. Às 13h, os voluntários encerraram a parte deles, mas a Comlurb vai continuar trabalhando até o fim do dia, e durante todo o fim de semana.

Junto com o filho, Rikelmmy Nascimento, de 9 anos (o nome é uma homenagem ao jogador argentino de futebol Riquelme), Elisabete encheu quatro sacos grandes com lixo. “Eu já faço isso na minha rua: limpo a área toda. E procuro conscientizar os moradores para que não joguem lixo”, conta ela. Com um saco de lixo na mão, e palavras de criança, Rikelmmy já sabe muito bem o que é preciso fazer: “A gente tem que limpar para nada ficar poluído. Tem que pegar o vidro para ninguém se furar. E tem que reciclar para fazer sabão e óleo.”
Agora, Elisabete espera que a coleta seletiva seja feita com regularidade e cobra também a participação dos moradores: “Não adianta a gente só catar lixo hoje e depois o morador não querer saber mais de nada. E o poder público não pode mais sair daqui, senão, o mutirão de hoje terá sido em vão.” O diretor de serviços da Comlurb, Luís Guilherme Gomes, garante que não será: “Vamos fazer a coleta do lixo regularmente, de segunda a sábado, duas vezes ao dia.”
Para o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, a iniciativa é apenas o primeiro passo das ações necessárias por parte do poder público. "É uma dívida que temos com as comunidade, e temos que fazer muito mais", afirmou Beltrame. "O que a polícia fez com a pacificação, já fez. Passou. Agora, vem o grande desafio, que não vai ser feito com forças policiais, mas com ações sociais, e com a integração das favelas à cidade do Rio para mostrar a essas pessoas que é melhor estar do lado do bem do que subjulgado pela tirania do tráfico", completou.

Coleta beneficia 15 mil pessoas
A nova logística de coleta de lixo beneficiará cerca de 15 mil pessoas em quase 400 mil metros quadrados. O conjunto de favelas do São Carlos é composto por nove favelas: São Carlos, Zinco, Querosene, Mineira, Coroa, Fallet, Fogueteiro, Prazeres e Escondidinho.

O novo modelo de limpeza já foi adotado no conjunto de favelas do Alemão, Vila Cruzeiro, Batam, Borel, Salgueiro, Formiga, Andaraí, São João, Cidade de Deus, Santa Marta, Mangueira e Pavão-Pavãozinho.

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