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Ferramenta permite a internautas se declararem doadores em seu perfil na rede social
Nesta terça-feira (30/7), completou um ano da parceria entre o Ministério da Saúde e o Facebook para incentivar a doação de órgãos entre os usuários da rede social. Durante este período 135 mil pessoas manifestaram o desejo se ser possíveis doadoras de órgãos. A ferramenta permite que o internauta adicione tal informação a sua linha do tempo e também ao seu perfil.
O intuito da parceria é que o usuário compartilhe a sua história de vida e os motivos que o levaram a se tornar um doador. Após a inserção da funcionalidade e a divulgação da campanha, houve um aumento de 1780% do número de fãs na página oficial de Doação de Órgãos do Ministério da Saúde no Facebook. A rede social também disponibilizou a funcionalidade em outros países.
Em 2012 foram realizadas 24 mil cirurgias de transplante, 95% delas realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS). O Brasil tem o maior sistema público de transplantes de órgãos do mundo, mas ainda quer aumentar o número de cirurgias, pois 80% das famílias não autorizam a doação de órgãos.
Para ser doadora, a pessoa deve informar à família o seu desejo e, segundo a legislação, não é necessário deixar nenhum documento escrito a respeito. Uma boa forma de informar que é doador é tornar isso público nas redes sociais.
Luta e sobrevivência
Giovanna Souza Anconi fez isso. A mãe dela, a vendedora Sandra Souza, da cidade de Sorocaba, em São Paulo, conta que desde muito nova sua filha falava sobre doação de sangue, medula óssea e órgãos e tinha muito interesse em participar de programas voluntários.
Vítima de um aneurisma cerebral congênito, Giovanna faleceu aos 15 anos e sua família autorizou a doação de todos os órgãos. “Era muito clara a vontade dela ser doadora, inclusive todos da família somos doadores e temos também a funcionalidade no facebook”, explica Sandra.
Segundo a vendedora, a doação de órgãos é um gesto de solidariedade. “Minha filha veio ao mundo para ajudar alguém”. Após a morte, Giovanna ficou conhecida em seu bairro como “A doadora de órgãos”. Tempos depois a prefeitura nomeou uma praça em sua homenagem.
Na Praça Giovanna Souza Anconi, conhecida como “Praça das Ações Positivas”, são realizadas campanhas de doação de sangue, de medula óssea e outros tipos de eventos beneficentes e voluntários. Os encontros, palestras, eventos são todos divulgados pela internet e Facebook. Desde o falecimento da Giovanna, todos os amigos da escola e do bairro passaram a se interessar e divulgar ações de doação de órgãos.
Apoio de amigos
A professora universitária de São José dos Campos, em São Paulo, Taísa Cristina Oliveira, acompanha a mãe, Vera Lúcia, na luta contra cirrose, doença no fígado, desde 1997.
A doença se agravou nos últimos anos e Vera Lúcia precisou de um transplante. Para Taísa a espera por um órgão compatível é um momento muito difícil para a o paciente a família. “A gente não sabe se a pessoa vai aguentar até o momento que for chamada”, diz.
Com auxílio das redes sociais ela e a mãe encontraram apoio dos amigos e passaram a defender a causa. “Desde que minha mãe precisou ser transplantada, 70% dos meus conteúdos na internet são para incentivar a doação de órgãos. As redes sociais são bastante utilizadas entre os jovens e nada mais justo do que passar informação a todos que podem ajudar um dia”, explica.
A auxiliar administrativa Carla Patrícia Vasconcelos, de Recife, teve colangite esclerosante primária, uma doença crônica que atinge o fígado. Ela acredita que a divulgação da facilidade da doação de órgãos deveria ser ampla.
“Muita gente acha que não é importante, que faz algum mal. É difícil doar em um momento de dor, mas é também um ato de amor. Vejo que cada vez mais as pessoas estão participando de campanhas, compartilhando nas redes sociais, isso é muito bom, um incentivo e reforça o número de doadores.”, ressalta Carla.
A administradora Suzette Sampaio, de Fortaleza, confessa que não tinha conhecimento sobre doação de órgãos até que seu pai, Osmar Sampaio, faleceu em decorrência de problemas no fígado. Ela conta que antes da doença Osmar não era doador de órgãos, mas com o conhecimento, tornou-se um defensor da causa. “Próximo à época da cirurgia dizia que podíamos doar tudo dele. Toda a família tornou-se doadora de órgãos”, diz.
O casal de empresários Márcia Arima e Ubiratam Yamada eram doadores de órgãos, mas nunca imaginaram ter um caso tão próximo. Ubiratam foi diagnosticado com hepatite C em 2002. O empresário fez tratamento por dois anos mas uma segunda opinião médica os informou que a única chance de melhora viria através de transplante. Hoje, após 1 ano e 7 meses da cirurgia, Ubiratam vive normalmente, com todos cuidados necessários.
“Às vezes, por falta de informações, perdemos muito tempo. Durante toda a caminhada, muitos amigos da família se tornaram doadores”, afirma Márcia. Em seu último aniversário, Ubiratam não pediu presentes, e sim alimentos para doação.
A carioca Ana Claudia Correa descobriu ter colestase benigna familiar recorrente há onze anos. Na internet, encontrou vários meios de apoio aos transplantados e às famílias de doadores.
Ana passou também a fazer campanha nas ruas e nas redes sociais para doação de órgãos, de sangue e de medula óssea e realizou o transplante com sucesso há dez dias.
Por mensagem eletrônica ao Blog da Saúde, ela contou emocionada que agradece todos os dias por estar viva. “Foi uma doação de vida”. Ana seguirá militando pela causa.
Como usar a ferramenta no facebook
Na linha do tempo clique em “Evento Cotidiano”. Depois selecione a opção saúde e bem-estar e clique em doador de órgãos, selecionando suas configurações de privacidade, para determinar quem quer que tenha acesso a essa informação.
Veja o passo a passo para registrar em seu perfil a vontade de doar órgãos e publicar esse desejo em sua timeline, para que todos seus amigos e familiares também vejam.
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