sexta-feira, 15 de março de 2013

Metade das mulheres com depressão pós-parto já apresentava sintomas durante a gravidez



A depressão durante a gravidez e no pós-parto tem implicações não só para a mãe, que apresenta risco de suicídio, como também para o bebê, já que o problema eleva o risco de nascimento prematuro e de baixo peso ao nascer, além de poder prejudicar o desenvolvimento cognitivo do recém-nascido. 


Uma pesquisa feita com pacientes atendidas no setor público em São Paulo e publicada, esta semana, na Revista Brasileira de Psiquiatria revelou que cerca da metade das mulheres que têm depressão pós-parto já apresentava sintomas durante a gravidez. 

O levantamento contou com 831 gestantes, com idade média de 25 anos. Desse total, 219 apresentaram sintomas depressivos depois do parto, ou seja, uma em três pacientes. O trabalho é de autoria dos médicos Alexandre Faisal-Cury e Paulo Rossi Menezes, ambos da Universidade de São Paulo (USP).

A depressão durante a gravidez e no pós-parto tem implicações não só para a mãe, que apresenta risco de suicídio, como também para o bebê, já que o problema eleva o risco de nascimento prematuro e de baixo peso ao nascer, além de poder prejudicar o desenvolvimento cognitivo do recém-nascido. Condições socioeconômicas desfavoráveis, falta de suporte social e problemas conjugais são associados ao problema, segundo os pesquisadores. 

As mulheres que participaram do estudo foram acompanhadas desde o início do pré-natal até um ano e meio após o parto. Três quartos delas viviam com o parceiro. O salário médio das famílias era de US$ 440. Pouco mais da metade era branca e tinha mais de oito anos de educação. 

Das 219 mulheres com depressão pós-parto, 109 já haviam apresentado sintomas durante a gravidez. De acordo com a análise, quanto maior o nível de educação, de contatos com vizinhos e de planejamento da maternidade, menor o risco de ter os sintomas. Já mulheres na terceira gravidez em diante e que já haviam sofrido abortos se mostraram mais propensas. 

Embora o estudo tenha apontado uma relação significativa entre as condições socioeconômicas e o transtorno, Faisal acredita que a depressão pós-parto varia conforme o contexto da mulher. "Problemas econômicos e sociais fazem muito sentido para gestantes da rede pública. Na gestante com melhor nível social, os conflitos tem a ver com a questão da maternidade, conflito profissional, imagem corporal, vínculo mãe-filha etc.", comenta.

"A depressão pré e pós-natal é altamente prevalente na atenção primária, e profissionais de saúde devem ser treinados para realizar intervenções simples e eficazes o mais precocemente possível", concluem os pesquisadores no trabalho.

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