terça-feira, 26 de junho de 2012

Oficina dá início a projeto de cooperação com a França



                                                           Em meados de junho, a delegação de especialistas franceses – vinculados à Escola de Altos Estudos em Saúde Pública da França (EHSP) e a um centro hospitalar francês – participou de oficina de trabalho com dirigentes e pesquisadores da ENSP, do IFF e do Ipec, além de representantes da Presidência da Fiocruz e do Ministério da Saúde com o objetivo de debater temas centrais relacionados ao desenho e à adoção de ações para a transformação de duas unidades da Fiocruz em institutos nacionais de saúde. A visita dá início ao acordo de cooperação internacional entre a ENSP e a EHESP, firmado em novembro de 2011 no campo da gestão hospitalar, com o intuito de apoiar e colaborar com a Fiocruz, em particular com o IFF e o Ipec, no processo de implementação do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, do Adolescente e da Criança e do Instituto Nacional de Infectologia.

Em dezembro de 2010, o Ministério da Saúde assinou portaria de criação dos dois institutos nacionais a partir de mudanças no Instituto Fernandes Figueiras (IFF) e no Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec), duas unidades técnico-científicas Fiocruz. Em 2011, o VI Congresso Interno da Fiocruz, ao aprovar o Plano Quadrienal da instituição, incluiu a criação dos dois institutos nacionais dentre os seus macroprojetos. Tendo em vista a complexidade e a importância destes projetos no âmbito da Fiocruz e do SUS, a Escola francesa e a ENSP elegeram  como  eixo principal das atividades de cooperação o apoio ao processo de formulação e desenvolvimento desses institutos.

O primeiro passo desta cooperação ocorreu durante a visita de uma delegação de professores da EHSP à ENSP/Fiocruz no fim de 2011, quando houve a oportunidade de conhecer as unidades, debater a razão de ser da proposta e delinear um programa de atividades de cooperação entre as escolas. Este processo envolveu professores da ENSP, dirigentes dos institutos e representantes da Presidência da Fiocruz. Desde então, a proposta de trabalho da cooperação vem sendo debatida e detalhada pelas duas instituições.

De acordo com o pesquisador da ENSP Francisco Braga, coordenador da cooperação internacional do lado brasileiro, o papel da Escola consiste em apoiar a Fiocruz e, particularmente, o IFF e o Ipec, com vistas ao desenho e à implementação dos institutos nacionais. “Essa colaboração deve ocorrer no âmbito do debate do papel desses institutos no SUS, na formulação do sistema de governança e do sistema de gestão a ser adotado pelos institutos e também no planejamento da condução desse processo de mudança, de conversão do IFF e do Ipec em institutos nacionais. Uma vertente importante dessa colaboração consiste na formulação de uma estratégia e de um programa de qualificação dos futuros dirigentes dos institutos”, explicou o pesquisador, que também é vice-diretor de Desenvolvimento Institucional e Gestão da ENSP.

De acordo com François Langevin, pesquisador da Escola de Altos Estudos em Saúde Pública (EHSP) da França e coordenador da cooperação técnica do lado francês, a cooperação está dentro da área de planejamento e é uma oportunidade de aproximação da EHSP com a Fiocruz. Segundo ele, no desenho dos institutos nacionais está previsto o compartilhamento de recursos, como equipamentos e espaços físicos. “O objetivo é gerar economia de escala e sinergia, com foco na melhoria do atendimento ao cidadão”, resume François. Também fizeram parte da comitiva francesa o diretor-geral do Centro Hospitalar Universitário de Montpellier, Philippe Damy, e o professor da EHSP responsável pelo programa de formação de diretores para os hospitais públicos franceses, Philippe Marin.

A ideia central do projeto é o fortalecimento das duas unidades da Fiocruz, que já são unidades de referência em suas respectivas áreas. Carlos Maciel, diretor do IFF/Fiocruz, explica que até 2017 os dois institutos já deverão estar funcionando no antigo estande de tiro do Exército, localizado na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, ao lado do Jardim Zoológico. “Não se trata da fusão dessas duas unidades da Fiocruz, mas de união. A ideia é compartilhar recursos, dando maior dimensão à pesquisa, ao ensino e à assistência. Hoje, não temos mais como crescer, como vem acontecendo com a demanda. E juntos os dois institutos conseguirão mais recursos”, destaca. No novo desenho, os dois institutos poderão compartilhar a central de esterilização, farmácia, laboratórios, como o de patologia clínica, rouparia etc. “Isso é a chamada economia de escala”, ressalta.

A expectativa em relação aos novos institutos nacionais é grande. Para a diretora do Ipec, Valdilea Goncalves Veloso dos Santos, a cooperação com a França contribuirá para ampliar o aprendizado do Ipec em relação à gestão. “Até a mudança dos institutos para a Quinta da Boa Vista, poderemos avançar na formação de quadros para enfrentar os novos desafios que vem pela frente. Teremos um corpo técnico mais apurado para gerir a nova realidade. Nosso contato com a França vem de longa data na área de pesquisa. Agora, vamos aprender a gestão”, ressalta a gestora.

A Escola de Altos Estudos em Saúde Pública (EHSP) da França é uma instituição ligada ao Ministério de Assuntos Sociais e ao Ministério da Educação do governo francês. A instituição tem diversas atribuições, sobretudo na formação dos quadros de saúde pública para o governo francês. Também desenvolve atividades de pesquisa e começa a ter cursos stricto sensu em parceria com universidades francesas.

Os próximos passos do acordo de cooperação incluem a visita de uma delegação brasileira com representantes da Presidência da Fiocruz, professores da ENSP, dirigentes do IFF e Ipec à EHSP e a centros hospitalares franceses, visando conhecer a organização e o funcionamento de instituições similares aos futuros institutos brasileiros; compartilhar o processo de andamento do projeto de constituição de institutos nacionais; debater experiências e abordagens pedagógicas de formação no campo hospitalar; e iniciar a organização de Colóquio, a ser realizado no Brasil. A visita deverá ocorrer no fim de agosto, e o colóquio em novembro de 2012.

O projeto de cooperação entre a ENSP e a EHSP terá seu escopo de ação ampliado em breve com a retomada das atividades associadas ao processo de acreditação acadêmica dos centros formadores no país.

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