quinta-feira, 5 de abril de 2012

Pesquisa revela formas mais comuns de violência contra pessoa idosa



O abuso financeiro, psicológico e o abandono da família foram as formas de violência mais citadas pelos idosos nos Centros Integrados de Atenção e Prevenção à Violência contra a Pessoa Idosa (Ciapi), segundo pesquisa avaliativa realizada pelo Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli (Claves/ENSP/Fiocruz). Os dados preliminares do estudo foram apresentados no seminário Avaliação da Atenção à Violência contra a Pessoa Idosa, realizado pelo Claves e pela Secretaria de Direitos Humanos (SEDH) da Presidência da República, na quinta-feira (20/5), que reuniu os coordenadores dos 18 centros do país para discutir a pesquisa e elaborar o relatório final com base nos dados.
A atividade foi aberta pelo coordenador geral dos Direitos do Idoso da SEDH, Roberto Loyola, e pela coordenadora do Claves, Maria Cecilia de Souza Minayo. Em sua exposição, Loyola afirmou que a realidade da pessoa idosa no Brasil é bem diversificada e o tema envelhecimento não agrada a todos. A residência em geriatria é uma das menos procuradas na medicina, exemplificou. Ainda de acordo com ele, há uma dívida dos brasileiros com os idosos, e a Secretaria de Direitos Humanos tem conversado com todos os ministérios na tentativa de equacionar esse dever e construir programas voltados para a saúde dessa população.

Loyola reconheceu a importância dos Centros Integrados de Atenção e Prevenção à Violência contra a Pessoa Idosa, pois, para ele, se trata de um espaço importante de denúncia de maus-tratos e acolhimento. É difícil um idoso ir até uma delegacia para, muitas vezes, denunciar um filho ou um membro da família. No Centro, por intermédio de uma equipe multidisciplinar, há um trabalho com o indivíduo e ele é ouvido. Os profissionais vão atrás da origem dessa violência. Queremos que o Observatório Nacional do Idoso seja um catalisador dessas mudanças para que possamos trabalhar mais de perto o desenvolvimento de políticas públicas.

Para Cecília Minayo, apesar de a pesquisa desenvolvida pelo Claves parecer um trabalho de formiguinha, é muito importante para a saúde da população idosa. Segundo ela, a ideia do relatório é discutir, criticar e aprovar a pesquisa que constituiu a última etapa do trabalho de avaliação do Claves sobre o Ciapi. Acompanhamos desde o início da implantação dos Centros; e pretendemos aprofundar e indicar os pontos mais relevantes a serem recomendados à secretaria para darmos continuidade à proposta.
Atenção à pessoa idosa é a principal missão dos centros

Em seguida, Luciana Mangas de Araújo, do Claves, fez uma breve apresentação sobre o portal do Observatório - um dispositivo de observação, acompanhamento e análises das políticas e estratégias de ação de enfrentamento da violência contra a pessoa idosa. Ela apresentou as seções que incluem informações sobre o próprio observatório, sobre os centros, os parceiros, as pesquisas, a biblioteca digital e os links de interesse.

Na sequência, Ana Elisa Bastos Figueiredo (Claves) falou que os centros fazem parte de uma das estratégias do Plano de Ação para Enfrentamento da Violência contra a Pessoa Idosa e iria abordar o seu processo de implantação. De acordo com o questionário implementado, a maioria dos centros revelou que sua missão está voltada para a atenção à pessoa idosa, seguida da defesa dos direitos do idoso e da prevenção e enfrentamento à violência.

As atividades priorizadas pelos centros incluem atendimento jurídico, psicológico e social e a mediação de conflitos familiares. Como fatores facilitadores da sua atuação, os centros citaram o convênio com a SEDH, a grande demanda e o convênio com órgãos públicos. As dificuldades giram em torno dos problemas financeiros, falta de veículo para transporte e algumas questões burocráticas, revelou.

Violência institucional também é citada pelos idosos

Coube à Adalgisa Peixoto Ribeiro, também pesquisadora do Claves, falar a respeito do processo de implementação dos centros. Em relação à infraestrutura, afirmou que oito centros possuem sedes próprias, seis são imóveis alugados e outros seis tiveram os imóveis cedidos por algum órgão. Sobre os atendimentos, revelou que triplicaram de 2008 para 2009.

As formas mais comuns de violência, de acordo com a pesquisa, apontam para os abusos financeiros, psicológicos e o abandono familiar. Também encontramos muitos casos de uma violência que chamamos de institucional, que ocorre devido aos problemas de transporte, previdência, assistência e na saúde. Sobre os centros, idosos elogiaram o atendimento, pois se sentiram respeitados e mais tranquilos após a consulta. Por outro lado, se queixaram de algumas filas, destacaram a necessidade de uma maior divulgação do trabalho dos centros na mídia e a falta de transportes para visita domiciliar.

Na última apresentação da manhã, Edinilsa Ramos de Souza apresentou alguns números sobre a atuação dos Ciapi nos estados brasileiros. Foram realizadas 184 ações de prevenção, 15.472 atendimentos, com 40,3% de casos resolvidos e 4,9% de casos reincidentes. Esses números dão uma ideia geral dos trabalhos que os centros desenvolvem. São dois anos caminhando juntos, e todas as discussões foram feitas coletivamente. Estamos aqui cumprindo essa missão que nos foi dada e com o objetivo de dar essas respostas à população, aos próprios centros e aos gestores.
Alguns dos resultados apresentados também podem ser acessados nos Boletins de Monitoramento dos Centros Integrados de Atenção e Prevenção à Violência contra a Pessoa Idosa, disponíveis na página eletrônica do Observatório.
http://www.ensp.fiocruz.br

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