No marco do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, o Ministério
da Saúde divulga os avanços recentes e os desafios que temos na resposta
brasileira à epidemia. Parou de crescer o número de casos novos registrados
anualmente, mas no patamar ainda preocupante de 38 mil anuais. Reduzimos
fortemente a transmissão da gestante para o bebê e a taxa de mortalidade por
aids nos últimos anos.
Ampliamos e antecipamos o acesso aos medicamentos
antirretrovirais gratuitos e as ações de prevenção. Dado inédito mostra que, no
Brasil, 70% dos pacientes que iniciam tratamento têm carga viral indetectável:
vivem por mais tempo e reduzem o risco de transmissão. É hora de encararmos de
frente os novos desafios. Em cinco anos, aumentamos de 32% para 37% o número de
pessoas que descobrem estar infectadas na fase inicial e reduzimos de 32% para
29% aqueles que começam o tardiamente o tratamento: melhor que as médias
internacionais ou mesmo dos EUA.
Nesse período, saímos de 62% para 84% das gestantes
realizando teste de HIV no pré-natal, o que já é impacto do programa Rede
Cegonha. Mas para o Ministério da Saúde, apesar do avanço, esses números ainda
são inaceitáveis. Uma em cada quatro pessoas que vivem com o HIV no Brasil
desconhecem essa condição – ou seja, estima-se que 135 mil brasileiros não
sabem que são soropositivos, implicando no início tardio do tratamento e
aumento das chances de transmissão do vírus. Mais do que uma prioridade, o
diagnóstico precoce do HIV tem de se tornar uma rotina para os serviços e
profissionais de saúde.
O Ministério da Saúde promove desde o dia 22, junto com
Estados, municípios e sociedade civil, uma intensa mobilização nacional de
prevenção e testagem do HIV, sífilis e hepatites virais, cujo ápice é este 1º
de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids. Nosso foco está nos 2.200
municípios que concentram 90% dos casos da doença.
De 2005, quando o teste rápido foi implantado no país, a
2011, houve aumento de 340% no numero de testes disponibilizados -de 528 mil
para 2,3 milhões. Em 2012, o Ministério da Saúde distribuirá 2,9 milhões de
testes rápidos para detecção do HIV.
Hoje, no Brasil, dos novos casos de aids registrados, pelo
menos metade são de jovens gays de 15 a 24 anos. É uma geração que tem a
informação das práticas seguras, mas que não transforma este conhecimento numa
atitude de prevenção. Talvez por não terem convivido com a morte de ídolos,
parentes e conhecidos, como ocorreu no início da luta contra a aids, esses
jovens estão menos sensíveis aos riscos da doença. Tocá-los para o fato que a
aids não tem cura e que o aumento na sobrevida se dá as custas de um tratamento
duro – que impõe mudanças de hábitos, possíveis efeitos colaterais e
sofrimento- não pode ser dispensado.
O Ministério da Saúde busca sensibilizar esta geração com
novas campanhas de comunicação, fortes ações nas redes sociais e realização de
atividades em rua, festas e locais de grande concentração. É preciso adotar
estratégias diversas, pois há hoje epidemias dentro da epidemia de aids.
Fica a questão para todos nós. Se você está na dúvida, por
que ainda não fez o teste? Se testar, se cuidar e usar camisinha é
responsabilidade de cada um de nós. É difícil tomar a decisão, mas no Brasil
sabemos que, negativo ou positivo, todo cidadão tem direito ao tratamento e
acompanhamento gratuitos.
*Alexandre Padilha é médico, ministro da Saúde e presidente
do Conselho Nacional de Saúde
Artigo publicado na seção Opinião do jornal Folha de São
Paulo
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