O mundo inteiro comemora nessa
terça-feira o Dia Mundial do Trabalho. Mas afinal, o que há para comemorar? O
brasileiro realmente está feliz com o seu trabalho? O que se observa no mercado
atual é que existe um constante conflito entre vida pessoal e carreira
profissional. É cada vez maior o número de pessoas que não consegue harmonizar
o serviço com a vida particular, o que gera inúmeros problemas
“O equilíbrio entre vida pessoal e
profissional é importante para qualquer indivíduo e engana-se aquele que pensa
que consegue excluir uma vida da outra. Sou uma pessoa e, portanto, tenho
também uma vida profissional. Não sou um profissional e uma pessoa, sou uma
pessoa cuja vida tem várias dimensões”, diz o filósofo Mário Sérgio Cortela,
co-autor de Vida e Carreira : Um equilíbrio possível?” Publicado pela Papirus 7
Mares.
Ele ressalta que uma pessoa não
deve procurar separar ou se dividir em dois, mas sim usar de suas
características individuais para unir seu pensamento e assim se tornar um
profissional e uma pessoa melhor.
“Posso realmente não levar uma
atividade de trabalho para dentro de casa. Porém, quando alguém diz que não
leva trabalho para casa geralmente está tentando separar vida profissional e
vida pessoal, o que indicaria, em primeiro lugar, do ponto de vista
psiquiátrico, esquizofrenia. Ou seja, alguém capaz de dividir de maneira tão
nítida e com fronteiras que, de fato, não existem. Em segundo lugar, quando vou
ao trabalho – no sentido de emprego - levo comigo a minha vida fora do
trabalho. Da mesma forma, quando vou para a vida fora do trabalho, o trabalho
vai junto – a circunstância, a animação, o desespero, o reconhecimento, a
chateação”, afirma Cortella.
Pedro Mandelli, que assina a obra
com Cortella, ressalta a importância de ser qualificado nas suas funções, de se
pensar no dia-a-dia como trabalhador, de uma forma responsável, que compreende
o espaço em que vive e tenta entender que o seu comportamento como pessoa
influencia na vida profissional.
“Tomemos uma economia crescendo
2,5% ao ano – nesse caso, são milhões de pessoas no mercado e não há emprego.
Então, existe uma tendência de que as pessoas fiquem mais agitadas porque
precisam fazer sempre mais e melhor para continuarem empregadas, é uma situação
que demanda maior empenho daqueles que estão empregados. Numa economia que
cresce a uma taxa de 4% ou 4,5% as forças se equilibram – isto é, são muitas
vagas, mas buscam-se os melhores. Portanto, o profissional ainda precisa ser
bem melhor do que a média, mas há muitas vagas”, diz Mandelli.
Para os dois autores, o
trabalhador encontrará o equilíbrio se souber agir perante a sociedade tentando
aprimorar mais o “ser”, em vez de pensar apenas no “ter”. Ele cita uma frase do
recentemente falecido escritor e chargista Millôr Fernandes que resume este
pensamento: “O importante na vida é ter sem que o ter te tenha.” “É preciso ter
em mente que eu não sou porque eu tenho. Na verdade, eu tenho porque eu sou,
porque eu fiz”, diz. Mandelli conclui o pensamento: “Curta a vida em que a
carreira está inserida, celebre seus sucessos, porque a vida é muito curta para
ser triste, tediosa e mal-amada”.
0 comentários:
Postar um comentário